2007-10-03

a casa nova

a porta está entreaberta.
não sei se me dizes para entrar ou ficar em espera.
campo de intermitentes batalhas este nosso voto em branco de luto.
asseguro o teu ínício só. em angústia passiva que te conheço desde sempre.
prescruto os comentários de ninguém. surdez louca das vidas em mudança.
arquivo a ilusão de um sorriso eterno.
qualquer um pode ler no letreiro da entrada bem-vindo.
desacostumada humidade esta que me exclui do teu destino.
continuo a esperar-nos. num qualquer dia. ontem talvez.
no dia seguinte confirmo o rumor que é pouco provável que me sente contigo.
os camiões da limpeza passam para levar a cegueira dos meus crimes. atei o saco com três nós.
é como se tivesses mandado comissariar a inconfidência deste nosso sofrer.
baixei a cabeça e olhei-te. não me reconheces-te.
tenho estado á tua espera dissemos sem nos olharmos.

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