2008-05-06

história de desencantar

Tinha tanto universo para aprender. Mas o terror daquela imagem aparecia a horas imprevistas. Dizia coisas surpreendentes. Uma coisa sobre o prato principal que vomitas-te com a mesma naturalidade com que os outros falavam de coisas triviais. Como se o mundo de repente fosse absolutamente alheio. Outra coisa sobre aquele ser que não é bem deste mundo talvez porque me apetecia enfiar pelo chão abaixo quando a existência caiu distraída na sopa. A minha relação com a vida quotidiana é desabitada. Não há transparência da palavra se não há preocupação cosntante de celebração de palavras essenciais. Aceito com ingenuidade a negligência com que abdico da exigência de essencialidade. Porque o jantar não é essencial. E no entanto aquilo que distingue o bem do mal é a alienação que te leva a pensar a existência do bem e do mal. Não tem muito substantivo. A secura das palavras tornou-se desnecessária na ligação às coisas. Tenho absoluta confiança na palavra obscuro. O meu encontro com as vozes marca a distância do ponto de partida. A forma de tratamento dos temas escreve histórias destinadas aos outros. Não a mim. Talvez amanhã comece a inventar histórias para crianças que não comecem por era uma vez uma menina que era filha de ciganos. Não suportarei a pieguice do convite para me deitar na mesma cama. Procuro a memória daquilo que não me fascinou na infância para não esquecer lugares. Acontecimentos. Pessoas. Convido-me a mergulhar num maravilhoso mundo de fantasia. Convido-me a mergulhar num maravilhoso mundo de beleza que não acabe em histórias de amor e generosidade que acabam assim essa não mãe essa não. Uma salva de palmas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Era uma vez. nunca foi.
assim como dizem, nunca foi.
foi como nao se diz, historias ocas.
vidas reinventadas.