2009-07-13

terra do brasil

cheguei a terra do brasil fazia noite de calor. o hotel ficava em frente ao mar. o hotel não era bonito nem feio. o hotel era bom porque me permitiu descansar. o quarto era muito colorido de cores brancas. no brasil as pessoas vivem de branco como a luz. tinha uma janela grande e aberta às ondas trazidas do mar. era muito bonito de sentir as ondas a desabrir de fúria a saber a mel na areia branca. tinha uma cama a reclamar-se de insegurança porque estava juntinho à parede. pousei a mala que trazia no coração. já havia tempo que tinha decidido não precisar de coisas para passar bem. foi nesse tempo que arranjo sempre uma mala com histórias de bondade e me viajo nela. desabriguei a cama do escuro que lhe fazia e levei-a para perto da janela grande e aberta. não tinha a certeza de querer oferecer ao corpo um banho. o suor do brasil na alma é como flores de cheiro doce na mata de madrugada. deitei-me em cansaço e esperança e creio que antes de abrir os olhos ao mar sorri como uma criança com presente novo que ainda não chegou. fazia uma brisa tão leve que só o silêncio da presença sentia de abundância. emprestei o respirar à lua e de encontro à água do mar que sabia morna quase a sentir dormi em sono profundo. acordei cedinho porque no brasil as pessoas gostam de viver. fui em jeito de chamamento para a praia. os deuses gostam da praia e de pessoas bonitas. e eu também. ao caminhar nos pés lentos ia acontecendo um caminho que parecia repetido do passado. lembrei muitos pés marcados na areia e todos os caminhos eram singulares e por isso tão cheios de beleza. nessa manhã os pés levaram-me a cruzar em bom dia sincero com um rapaz moreno de pele salgada. descobri que sentir bom dia em sotaque do brasil torna o desejo mais forte de acontecer mesmo. que faria o moço tão cedo na praia. no brasil são todos moços e moças de sorrisos abertos. perguntei. aceito a condição óbvia desta verdade mas às vezes bicho humano com curiosidade guarda pergunta como segredo no cofre. nunca foi jeito de entendimento este costume do meu povo. sou professor de windsurf com v mais vivo de verdade a lhe sair da boca. tinha os dentes tão brancos que duvidei ser dele ou de bicho elefante mesmo. acho que fiquei preso no sorriso de balançar do moço quando lhe montanhei tanta perguntas de prazeres em experimentar. em quanto tempo posso aprender. quanto tempo fica cá. moço sábio este. sete dias. então sete dias para aprender. demos corpo ao negócio em moeda que negócio de alma que me viu sorrir já estava estendido como toalha na praia. continuei a caminhar. se os passos desenhassem sentimento nasciam ali salpicos de mar na cara em dia de sol quente. nesse primeiro dia à tarde para espanto que não espantou meu ser conheci Mimi, mãe de santo de ofício e lavor de espírito bom. espírito mau não é coisa que crie raiz meu filho. no brasil as pessoas mais velhas tratam as pessoas mais novas por meu filho. e eu gosto. foi o primeiro ensinamento de entre muitos que lhe veio à voz vindo do coração pleno e puro. Mimi era típica mãe de santo, gorda pele esquentada pelo sol e saber olhos meigos e lassos boca grande para dizer silêncios e desdizer bobage. no brasil quando desacontecem coisas escusadas diz-se bobage. ás vezes fumava um grande e interminável charuto. para nevoeirar os espíritos ruins e trazer no cheiro genuíno do tabaco o perdão. aqui perdi conta do número de ensinamento. não importa. riqueza de mãe de santo não conta número de figos na figueira do quintal. a minha relação com Mimi acampou em nós tanta descoberta tanta emoção tantos sentidos de amor que adiei mesmo interesse em aventurar o corpo no mar com o professor de windsurf. gosto do musicado de azul da palavra windsurf. e como foi no primeiro dia, conhecimento do professor de manhãzinha cedo e conhecimento de Mimi mãe de santo tarde de sol continuei a passear na praia durante sete dias aí pelas cinco da manhã que é hora de nascimento. e continuei a encontrar de bom dia o professor. eu dizia bom dia. o professor dizia bom dia. nada mais. cabe a vida todinha neste desejo quando amamos o mundo aos outros. eu não deitava mais palavras em faladura e continuava a caminhar. no último dia eu disse bom dia. o professor disse bom dia. eu disse hoje é o último dia que estou cá. o professor disse eu sei. e continuei a caminhar até as pernas e o coração me pararem o entendimento. voltei em passos de trás que ás vezes é preciso recuar para nos darmos de avançar com força e certeza. estou curioso. fizemos um acordo eu você e o mar até combinamos pagamento de dinheiro que serviço bom merece préstimo. eu não vim às aulas de windsurf but yet, eu digo às vezes muitas vezes but yet em sotaque de inglês, eu continuei a caminhar e a nos dizer bom dia. você não perguntou porque não cumpri acordo de promessa como jura de desfinjimento. ele sorriu. os brasileiros sorriem de vida. disse não veio e daí. insisti como mosca em bolo de canela que mãe faz em dias de domingo. não precisa de dinheiro. não sei se voltou a sorrir de novo ou se desmanchou um sorriso para falar e refez em boca de humildade. preciso sim. tenho família dois filho e mulher pra cuidar. mas você não veio e daí qual o problema. os brasileiros quando não acham problema na vida porque encontram sempre gesto de simplicidade dizem e daí qual o problema. No brasil aprende-se amor em passos lentos e suados ao sol.

Ao Bal.





































2 comentários:

bastos disse...

gostei,desse jeito mesmo...bom dia!

Anónimo disse...

sei que um dia te vou pedir um autogafro numa libraria.sei que um dia vou ver o teu rosto na contra capa do teu livro.sei que um dia ao fechar um livro teu, vou sorrir e dormir de alma aberta ao mundo