2009-04-08

era sábado

ficamos ali no tempo quieto à espera que acontecesse alguma coisa. estava uma chuva miudinha lá fora. a cama estava morna. dormimos juntos. porque sim. lembro o silêncio sincero de nós. púnhamos frases devagarinho ao aconchego e depois adormecemos a fingir. as mãos untadas a brilhar puxavam um mar de sonho só porque nos falamos sentidos tranquilos cheios de inocência de brincadeira que pareciam infância. os livros ficam bem ali assim coladinhos ao chão virados ao céu escuro como se fossem muito leves. e mesmo sem fechar os olhos abanamos os corpos tipo chuvisco e rimos. vi sorrisos pequeninos nas nossas caras. enroscamos as almas sem fazer ruído e começamos a respirar fundo sem corrigir nada. como se nunca houvesse a sombra das horas. ficamos ali no tempo quieto à espera que acontecesse alguma coisa. e aconteceu. um bafo quente tocou-me na cara. já vamos. desassossegados na despedida que não queríamos continuamos um abraço de demorar. virei-me e cativei-me no cheiro do incenso poético que já não ardia. a porta abriu. a porta fechou. pensei hoje vou acabar de ler a Alice no país das maravilhas. e adormeci. com amor. daqui a nada o sol iria assobiar na janela. era sábado. era sábado tranquilo.

Sem comentários: